RECURSOS PSICOSSOCIAIS DO IDOSO PARA REABILITAR MARCHA E DIGNIDADE DO AUTOCUIDADO APÓS FRATURA DE FÊMUR

RECURSOS PSICOSSOCIAIS DO IDOSO PARA REABILITAR MARCHA E DIGNIDADE DO AUTOCUIDADO APÓS FRATURA DE FÊMUR
PSYCHOSOCIAL RESOURCES OF THE ELDERLY TO REHABILITATE GAIT AND DIGNITY OF SELF-CARE AFTER FEMUR FRACTURE

RECURSOS PSICOSOCIALES DEL ANCIANO PARA REHABILITAR LA MARCHA Y LA DIGNIDAD DEL AUTOCUIDADO TRAS FRACTURA DE FÉMUR

Autores

Cesar Junior Aparecido de Carvalho, Professor Doutor, junto ao Instituto Federal do Paraná (IFPR). Londrina - Paraná, Brasil. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-5096-6968

Rosana Claudia de Assunção, Professora Doutora, junto ao IFPR. Londrina - Paraná, Brasil. ORCID: https://orcid.org/0000-0001-5175-5567

Matheus Henrique Mangini Bocchi, aluno do Curso de Graduação em Medicina, Universidade Nove de Julho (UNINOVE). Bauru - São Paulo, Brasil. , ORCID: https://orcid.org/0000-0001-9766-9752

Silvia Helena Meneguin Bravin, mestre e aluna do Curso de Doutorado, do Programa de Pós-graduação em Enfermagem, Faculdade de Medicina de Botucatu (FMB), Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho"(UNESP), ORCID: http://orcid.0000-0002-1609-6647

Marcelo Ricardo Rosa, mestre e aluno do Curso de Doutorado, do Programa de Pós-graduação em Enfermagem, FMB, UNESP,ORCID: http://orcid.org/0000-0003-0478-8782

Silvia Cristina Mangini Bocchi, livre-docente, Professora Associada, Departamento de
Enfermagem, FMB, UNESP, ORCID: http://orcid.org/0000-0002-2188-009X

RESUMO

Objetivos: compreender a experiência do idoso no restabelecimento da marcha após cirurgia de fratura de fêmur por queda e elaborar modelo teórico que a represente. Método: pesquisa qualitativa na abordagem da Teoria Fundamentada nos Dados, com saturação teórica, mediante a análise da transcrição da nona entrevista não diretiva audiogravada, com idosos que vivenciaram a experiência. CAAE 021.0.063.000-10. Resultados: emergiram três subprocessos: sentindo-se desafiado a recuperar a dignidade de desenvolver o autocuidado em situação de risco; perseverando em recursos psicossociais para reabilitar marcha ameaçada; resgatando a autoconfiança para deambular. Do realinhamento desses subprocessos, abstraiu-se a categoria central (processo), recursos psicossociais do idoso para reabilitar marcha e dignidade do autocuidado após fratura de fêmur. Conclusão: o modelo teórico emerso sinaliza a dignidade humana do autocuidado como preceito moral do idoso e ordenador no resgate da autoconfiança, perante as ameaças à reabilitação da marcha, apoiado em seus recursos psicossociais (família, religiosidade e reminiscência).

Descritores: Idoso; Fraturas do Fêmur; Reabilitação; Adaptação Psicológica; Medo.

ABSTRACT

Objectives: to understand the experience of the elderly in reestablishing gait after surgery for a femur fracture due to a fall and to develop a theoretical model that represents it. Method: qualitative research in the Grounded Theory approach, with theoretical saturation, through the analysis of the transcription of the ninth audio-recorded non-directive interview, with elderly people who lived through the experience. CAAE 021.0.063.000-10. Results: three sub-processes emerged: feeling challenged to recover the dignity of developing self-care in a situation of risk; persevering in psychosocial resources to rehabilitate threatened gait; rescuing self-confidence to wander. From the realignment of these sub-processes, the central category (process), psychosocial resources of the elderly to rehabilitate gait and dignity of self-care after femur fracture was abstracted. Conclusion: the theoretical model emerged signals the human dignity of self-care as a moral precept of the elderly and ordering the recovery of self-confidence, in the face of threats to gait rehabilitation, supported by their psychosocial resources (family, religiosity and reminiscence).
Descriptors: Elderly; Femur Fractures; Rehabilitation; Psychological Adaptation; Fear

RESUMEN

Objetivos: comprender la vivencia de los ancianos en el restablecimiento de la marcha después de cirugía de fractura de fémur por caída y elaborar un modelo teórico que la represente. Método: investigación cualitativa en el abordaje de la Teoría Fundamentada, con saturación teórica, a través del análisis de la transcripción de la novena entrevista audio-grabada no directiva con ancianos que vivieron la experiencia. CAAE 021.0.063.000-10. Resultados: emergieron tres subprocesos: sentirse desafiado a recuperar la dignidad para desarrollar el autocuidado en una situación de riesgo; perseverar en los recursos psicosociales para rehabilitar la marcha amenazada; recuperar la confianza en sí mismo para deambular. A partir de la realineación de estos subprocesos, se abstrajo la categoría central (proceso), recursos psicosociales de los ancianos para rehabilitar la marcha y la dignidad del autocuidado después de la fractura de fémur. Conclusión: o modelo teórico emerso sinaliza a dignidade humana do autocuidado como preceito moral do idoso e ordenador no resgate da autoconfiança, perante as ameaças à reabilitação da marcha, apoiado em seus recursos psicossociais (família, religiosidade e reminiscência).

Descriptores: Envejecimiento; Fracturas de Fémur; Rehabilitación; Adaptación Psicológica; Miedo.

INTRODUÇÃO

As quedas estão entre as principais causas de lesões, morte e invalidez nos idosos(1-2) e, portanto, dois terços deles padecem por medo de sofrer novo incidente, até mesmo para realizarem atividades da vida diária(3-4-7). Fato que acomete a qualidade de vida, não só por reduzir as suas habilidades funcionais, mas também por aumentar o risco de quedas(6).

As fraturas representam 5 a 10% dos eventos ortopédicas e 1 a 2% destas se dão no fêmur, sendo 90% decorrentes de quedas, demandando internações hospitalares para cirurgias(8).

O tipo de procedimento e extensão cirurgica, idade, condição clínica do paciente e as comorbidades delimitarão o tratamento e o processo de reabilitação do paciente no domicílio. No entanto, percebe-se que grande parte dos idosos submetidos à cirurgia do fêmur apresentam um retardo no restabelecimento da marcha(9), fato que pode estar relacionado à intensidade da dor, à dificuldade de mobilidade e ao medo exacerbado de voltar a andar, e, principalmente, de reincidir em queda.

A literatura associa esse temor à "desadaptação psicomotora", relacionando-a a instabilidade postural com retropulsão e a um medo fóbico de cair novamente(4), ao ponto de tornar necessário o desenvolvimento de tecnologias em apoio ao trabalho de reabilitação desses idosos, considerada a forma mais grave da síndrome pós-queda(10,11).

Apesar dos desafios impostos por essa síndrome, envolvendo: mobilidade limitada, dificuldade em realizar atividades diárias(7), perda da confiança e autoestima, além do sentimento de reclusão e confinamento, e o padecimento com a dor, os idosos conseguem superá-los, por meio do desenvolvimento de estratégias que os arremetam à independência funcional, tais como, manutenção da saúde mental e participação em atividades diárias(12).

Do exposto, pergunta-se: como tem-se configurado o processo de reabilitação da marcha de idosos em pós-operatório de cirurgia de fratura de fêmur após queda? 

OBJETIVOS

Compreender a experiência do idoso no restabelecimento da marcha, após cirurgia de fratura de fêmur por queda e elaborar modelo teórico que a represente.

MÉTODO

Aspectos éticos

Pesquisa conduzida após aprovação de projeto por Comitê de Ética em Pesquisa (CAAE 021.0.063.000-10) e obtenção de consentimento livre e esclarecido para participação dos atores. Depois de transcritas as entrevistas, os arquivos digitais foram deletados, passando a identificar os atores por codificação numérica (1, 2, 3, ...).

Tipo de estudo e referencial teórico-metodológico

Pesquisa qualitativa na abordagem compreensiva, respeitando os Consolidated Criteria for Reporting Qualitative Research (COREQ)(13), utilizando-se dos referenciais: Teoria Fundamentada nos Dados - TFD(14) (metodológico) e Interacionismo Simbólico(15) (teórico).

Cenário e atores da pesquisa

Estudo com idosos (≥ 60 anos) submetidos à cirurgia de fratura de fêmur, entre 01 de janeiro e 31 de dezembro de 2019, em dois hospitais terciários de grande porte de cidade do estado do Paraná, conveniados ao Sistema Único de Saúde. O acesso aos pacientes se deu por meio de listagens fornecidas pelos Serviços de Arquivo Médico e Estatístico (SAME) das instituições, com: nomes, endereços e telefones dos idosos. Selecionou-se aqueles com endereços adscritos às cinco regiões urbanas de abrangência da Estratégia Saúde da Família (ESF) e que estivessem vivenciando pela primeira vez a situação de fratura.

O primeiro contato deu-se por telefone, apresentando-se e explicando a finalidade da pesquisa, para convidá-los a participar do estudo. Como, na maioria das vezes, quem atendia era um familiar, caso este aceitasse o convite, o pesquisador confirmava com ele se o idoso apresentava capacidade cognitiva e de comunicação para ser entrevistado.

Fonte de dados

A coleta de dados deu-se por meio de entrevista não diretiva, tendo como questão norteadora: “Como foi a sua experiência com a fratura do fêmur?” Foram realizadas entrevistas individuais e audiogravadas, conduzidas de julho de 2020 a janeiro de 2021, por um dos pesquisadores com treinamento na técnica de coleta de dados, nas residências dos idosos, em horário combinado, respeitando o sigilo de suas informações.

Análise dos dados

Ao término das entrevistas, estas foram transcritas e submetidas à análise manual por um dos pesquisadores e validadas pelo segundo, com formação e experiência em operacionalizar os passos do referencial metodológico da TFD: microanálise, codificação aberta, codificação axial e codificação seletiva(14).

Conforme preconizado pelo referencial metodológico, as etapas de coleta e análise dos dados se deram, concomitantemente, até que se obtivesse a saturação teórica a partir da análise da nona entrevista. Para isso, utilizou-se uma das estratégias propostas pelo referencial metodológico de validação da experiência descoberta com os dados brutos(14).

RESULTADOS

Caracterização dos atores

Participaram do estudo nove atores, seis mulheres e três homens, entre 62 a 81 anos, correspondendo a seis aposentados, um agricultor, um caminhoneiro e uma dona de casa, com renda familiar entre dois e sete salários mínimos vigentes. Durante a reabilitação, oito deles usufruíam de independência funcional plena e um apresentava dependência parcial de cuidador familiar.

Modelo teórico abstraído da experiência

Da análise dos dados, segundo os passos da TFD(14), apreendeu-se a interação do idoso com o restabelecimento da deambulação e, consequentemente, com sua independência funcional no domicílio, em pós-operatório de cirurgia de fratura de fêmur por queda. O referencial metodológico permitiu estabelecer relações teóricas entre os componentes (categorias e subcategorias), para desenvolver processo explicativo e analítico das ações e interações referentes à experiência, representado pela categoria central (modelo teórico): recursos psicossociais do idoso para reabilitar marcha e dignidade do autocuidado após fratura de fêmur (Figura 1).

Esse processo experiencial do idoso desdobra-se em três subprocessos: sentindo-se desafiado a recuperar a dignidade de desenvolver o autocuidado em situação de risco (A); perseverando em recursos psicossociais para reabilitar marcha ameaçada (B); resgatando a autoconfiança para deambular (C).

Sentindo-se desafiado a recuperar a dignidade de desenvolver o autocuidado em situação de risco (A) é o primeiro subprocesso da experiência do idoso se reabilitando no domicílio de cirurgia de fratura de fêmur por queda. Configura-se no ímpeto para ação corajosa em mobilizar recursos psicossociais para o enfrentamento de condições desfavoráveis à reabilitação de sua marcha e, consequentemente, independência funcional para reassumir a sua autonomia como dignidade humana. Esse subprocesso desdobra-se em três categorias: defrontando-se com adversidades à independência funcional (A1), perdendo a expectativa de voltar a deambular (A2) e incitando-se moralmente a se tornar independente da família para atendimento das necessidades básicas (A3).

Figura 1. Categoria Central (Modelo Teórico) - Recursos psicossociais do idoso para reabilitar marcha e dignidade do autocuidado após fratura de fêmur.

Defrontando-se com adversidades à independência funcional (A1) agrupa condições percebidas pelo idoso, como por exemplo, ameaças ao restabelecimento de sua marcha no domicílio, reunidas em três subcategorias: A1.1, A1.2 e A1.3.

O primeiro desafio refere-se ao enfrentamento da dor pós-operatória no domicílio, como experiência sensorial penosa, pois após a alta hospitalar, muitas vezes, o idoso acaba tendo que superar a limitação imposta pela dor para iniciar a deambulação, sem apoio terapêutico medicamentoso eficaz (A1.1). Ele descreve a dor decorrente de sedação ineficaz, variando de intensa à insuportável, com sofrimento físico e emocional, manifesto em choro, temor de não se recuperar e na redução de movimentação. Fato que dificulta sua mobilização no leito e fora deste, inclusive retardando o início da deambulação. Esse sofrimento, para alguns, é postergado por meses e sem qualquer intervenção antálgica. Os idosos com doenças osteoarticulares associam ao agravamento da dor a essas comorbidades, experiência sensorial desafiadora que posterga a recuperação da marcha do idoso, por vezes, sentindo-se inseguro à dor para deambular, como referem:

[...] Quando eu ia andar se quer dava para por o pé no chão [...]. Sofri muito com a dor [...] (7). [...] Eu fiquei acamado três meses, quase imóvel. [...] Depois de seis meses que comecei a levantar e andar de cadeira de rodas, mesmo assim, doía (8).

Além da dor, o idoso se vê tendo que vencer a insegurança, gerada pelo medo de sofrer nova queda (A1.2). Estado afetivo suscitado pela consciência do perigo, o que o deixa em estado de apreensão, em face de sua suscetibilidade em apresentar novo evento. Eles contam:

[...] Depois da cirurgia tive dificuldade de andar. Ainda uso o andador, porque me dói muito as pernas para caminhar [...]. Eu tenho medo de ficar sem ele. [...] Eu gostaria de andar novamente sem apoio, mas tenho medo de cair (9). [...] Após a cirurgia comecei a andar pouco, pois tinha muito medo [...], mas ao mesmo tempo queria andar como andava anteriormente [...] (4).

Somado a dor, ao medo de queda, na maioria das vezes, o idoso também acaba defrontando-se com a perda da força muscular no membro inferior afetado (A1.3), relacionando-a com o tempo que ficou acamado, conforme relata:

[...] Eu perdi a força na perna para voltar a andar, mesmo com ajuda das muletas [...]. Acho que em razão de ter ficado muito tempo na cama e isso interferiu na minha recuperação [...] (7).

A interação do idoso com essas adversidades desperta-o inseguro, perdendo a expectativa de deambular (A2), verbalizada no desânimo em face da incerteza de recuperar a autonomia na velhice. Contexto melancólico, perante a ameaça de desfrutar de período idealizado com liberdade e bem-estar, como descrevem:

[...] Eu andava muito e agora perdi a liberdade de ir para lá e para cá [...] (9). Eu andava normal [...] antes da dor [...] e agora nem sei se vou mais andar (8). [...] Eu cheguei a pensar que não fosse andar nunca mais (3).

Contudo, mesmo nesse contexto desafiante, percebe-se o idoso com determinação e, portanto, incitando-se moralmente a tornar-se independente da família no atendimento às necessidades básicas (A3), por sentir-se desconfortável e abatido na condição de dependente da família, para seus cuidados, como: higiene pessoal, alimentação, eliminações, dentre outras, como relatam.

[...] Fiquei muito triste, por tornar-me dependente de minha filha. Sentia dor nas pernas que não me deixava levantar! Eu chorei muito ao pensar que poderia não andar mais (3). [...] Foi um pouco difícil a recuperação em casa [...]. Minha vizinha, uma auxiliar de enfermagem, teve que ajudar e ensinar a minha filha [...] a fazer curativo, a dar banho e a me limpar [...] (9).

Esse contexto é decisivo para que o idoso tente superar os desafios que o impedem de recuperar a marcha e, consequentemente, a sua dignidade em cuidar de si com independência funcional. Princípio moral que o arremete ao segundo subprocesso da experiência: perseverando em recursos psicossociais para reabilitar marcha ameaçada (B). Momento em que toma para si a responsabilidade de reaver sua governabilidade, influenciado por capacidade de autocontrole psicológico-físico apoiado na família, na religiosidade e na reminiscência. Estratégias decorrentes de suas crenças e valores na superação de situações que o ameaçam no restabelecimento da deambulação e por seguinte de autonomia para desfrutar de velhice digna.

A primeira estratégia é sentindo-se amparado na família, em face de esforço para os seus cuidados (B1), para os quais não foram preparados. Desta maneira, consideram-se os grandes responsáveis pelo próprio restabelecimento no domicílio, em atendimento às suas necessidades humanas básicas, até mesmo se realizado por cuidador formal, contratado pela família, conforme relatam:

[...] Meu marido passou a fazer todo o serviço de casa, com muito carinho [...] (4). [...] Eu fui para a casa de meu filho, lá ele me medicava e me dava banho [...]. Cuidou muito bem! (7). [...] Quando minha irmã não pode mais cuidar de mim, contratamos cuidadora [...] (6).

O idoso também retroalimenta sua perseverança recorrendo à religiosidade (B2), amparado em suas crenças, resgata na fé em entidades espirituais o fortalecimento psicoespiritual, para superar a experiência penosa que se configura o idoso em reabilitação de cirurgia de fratura de fêmur após queda. Com a religiosidade consegue reaver sua autoestima e segurança, atribuindo a sua recuperação, também, a um ser sobrenatural onisciente e onipotente. Eles contam:

[...] Eu estou com fé em Deus que irei me recuperar [...], pelo menos voltar a andar sem dor! É o meu sonho (choro) (6). Eu estava andando escorada por muletas [...]. Agora não mais. Eu me recuperei [...]. Essa cirurgia que fiz foi uma benção de Deus (7).

Além da família e da religiosidade, observa-se o idoso apoiando-se na reminiscência (B3), para superar os desafios vivenciados beneficia-se de lembranças agradáveis, reportando seus valores enquanto pessoa, como: o gosto pelo trabalho, de cuidar dos netos e contribuir financeiramente para a manutenção da casa, segundo suas memórias:

[...] Eu sempre fui uma trabalhadora, no sítio e depois que me mudei para a cidade. Ajudei a criar os netos. Gostava muito de trabalhar [...] (9).

A adoção desses três recursos psicossociais pelo idoso contribui para superar as adversidades relativas à sua reabilitação e influencia para desfecho positivo, configurando o terceiro subprocesso da experiência, resgatando a autoconfiança para deambular (C), sinalizado quando o idoso se vê iniciando a deambulação (C1), simbolicamente traduzida na possibilidade concreta de que irá resgatar sua marcha. Os primeiros passos arremetem o idoso a sair do leito com auxílio, vislumbrando progressivamente o abandono do apoio humano e de equipamentos que o auxiliam na locomoção, como o uso de cadeira de rodas, depois de muletas ou andadores, até fortalecer a musculatura, para estabilidade de suas articulações, como contam:

[...] Eu comecei a ver a minha melhora, quando apoiei o pé no chão e dei os primeiros passos (3). [...] Minha recuperação foi melhorando, porque da cadeira de rodas, eu passei para o andador e agora eu estou na bengala (5).

Aos poucos, o idoso vai sentindo-se aliviado e seguro (C2), apresentando reação emocional de voltar a sentir a sensação de conforto, verbalizada no alívio da dor no local da fratura, ao ver recuperada a deambulação e, portanto, alcançando a meta de resgatar a marcha e a dignidade humana de poder continuar gozando de uma velhice com autonomia, conforme relatam:

[...] Agora, voltei a fazer todos os serviços domésticos, a minha comida e até a faxina da casa (1). [...] Estou bem melhor, mais alegre em casa [...]. Sinto-me recuperada, andando e feliz (4). [...] Estou aliviada, segura para andar e dando menos trabalho para a minha filha [...] (3).

DISCUSSÃO

O modelo teórico emerso sinalizou a dignidade humana de desenvolver o autocuidado como preceito moral do idoso, ordenadora no resgate da autoconfiança para deambular, amparado em seus recursos psicossociais, em face de às ameaças à reabilitação da marcha e, consequentemente, de à sua autonomia.

Segundo o Interacionismo Simbólico a ação humana é direcionada pelo self, ou seja, do julgamento que a pessoa faz de si própria, o qual é altamente dependente das definições sociais. Considera-se essa ação decorrente de processo ativo de tomada de decisão, envolvendo a definição da situação, a qual é central para a maneira como a ação ocorrerá(16).

Desta forma, julgar-se com a dignidade de desenvolver o autocuidado em situação de risco, configurou-se na experiência como componente interveniente para instigar o idoso a buscar estratégias para lidar com símbolos ameaçadores ao restabelecimento de sua marcha, como: dor ao ser mobilizado, medo de sofrer nova queda e perda da força muscular no membro inferior afetado. Ele precisou compreender que para continuar vislumbrando desfecho positivo para a sua experiência, não lhe restava outra opção, a não ser, enfrentar essas ameaças, de forma a resgatar a autoconfiança para deambular. Fato que o mobilizou a apoiar-se nos seus próprios recursos psicossociais (família, religiosidade e reminiscência), na tentativa de reverter a situação concebida por ele como indigna, a de depender dos cuidados da família para atendimento à suas necessidades básicas na velhice, uma vez projetada com autonomia.

A contento, sociedade são pessoas interagindo, ou seja, elas se tornam objetos sociais umas para as outras, usam símbolos, direcionam o self, engajam-se em ação mental, tomam decisões, mudam direções, compartilham perspectivas, definem a realidade, a situação e assumem o papel do outro(15).

Desta forma, à luz do Interacionismo Simbólico(15), pode-se considerar a capacidade preservada de desenvolver o autocuidado, simbolicamente compreendida como objeto social (self), fundamentado no princípio moral de dignidade humana, ou seja, de valia para o indivíduo, assim como para a sociedade, sinalizada por meio de o autocontrole, principalmente, sobre às necessidades humanas básicas.

Dignidade humana no contexto da velhice, já foi objeto de discussões à luz da Bioética, a qual relaciona este princípio à noção de indignidade, como a violação do próprio âmago de um ser humano. Por esta razão defende a aplicação do conceito de dignidade humana para reverter às condições que possam existir, antes de surgir uma indignidade específica(16).

Contudo, o declínio físico quanto às causas sociais podem fazer com que os idosos sofram indignidades, tornando-os cada vez mais vulneráveis durante o processo natural do envelhecimento, levando-os potencialmente à condições de indignidade que as pessoas geralmente tentam evitar, para vivenciarem um "envelhecimento inclusivo", com preservação da criatividade e vitalidade do idoso em um ambiente ativo(17).

Como já referido, o julgamento que a pessoa faz de si própria, é altamente dependente das definições sociais(15). A abordagem Kantiana tem exercido grande influência na sociedade quanto à concepção de dignidade humana. Para Kant apenas seres racionais têm dignidade, uma vez que sua autonomia é o próprio fundamento da dignidade. Contudo, muito criticada pela Ética e Filosofia por limitar o número de seres que podem ser vistos como sujeitos da moralidade. De acordo com a linha de raciocínio de Kant, seres não racionais, não apenas animais, mas também pessoas com graves deficiências, seriam excluídos da proteção moral. De qualquer forma, para Kant, a autonomia é a base da dignidade humana(16).

O modelo teórico configurado por esta pesquisa sinalizou os recursos psicossociais (família, religiosidade e reminiscência), encorajando o idoso a se manter perseverante, perante as ameaças de resgatar a autoconfiança para deambular, após a cirurgia de fratura de fêmur por queda. Essas estratégias de enfrentamento foram descritas, em 2011, por Taylor e Broffman, como recursos psicossociais, segundo suas funções, origens e associações à saúde mental e física. Esses autores consideraram que, em face de a necessidade do ser humano restabelecer o seu autocontrole, ele tem a capacidade de resgatar internamente ou nas relações sociais, meios para lidar com dificuldades, visando ao bem-estar psicológico e, consequentemente, usufruir de os efeitos benéficos sobre a sua saúde mental e física(17).

Para esses autores, as origens dos recursos psicossociais estão no ambiente, nas predisposições genéticas e em suas interações com o indivíduo, assim como os processos de enfrentamento associados às respostas neurais às ameaças como possíveis mediadores. Estes, por sua vez, regulam as respostas psicológicas, autonômicas, neuroendócrinas e imunológicas, levando o indivíduo a alcançar resultados positivos de saúde(17).

A experiência sinalizou o idoso perseverando em três recursos psicossociais para reabilitar sua marcha ameaçada, primeiramente na família, especificamente no sentimento depreendido de suas interações com os esforços mobilizados pelos familiares.

O apoio social familiar tem se mostrado uma das principais e mais eficazes estratégias ao alcance do idoso, para lidar com as dificuldades inerentes ao processo de envelhecimento e de recuperação da deambulação(18).

À luz do Interacionismo Simbólico(15) pode-se inferir família um grupo de indivíduos em interação, que se tornam objetos sociais uns para os outros. Para tal, usam símbolos direcionando o self, engajando em ação mental, para tomar decisões, mudar direções, compartilhar perspectivas, definir realidade, situações e assumir o papel do outro, ou seja, com potencialidades de assumir o cuidado de seus membros.

Desta forma, na atenção à saúde domiciliar do idoso dependente, o planejamento assistencial deverá considerar o binômio, ou seja, incluir o cuidador familiar, também denominado cuidador informal, para que o mesmo não seja exposto ao adoecimento por sobrecarga do papel assumido.

Por essas razões, torna-se imprescindível o acesso do binômio cuidador familiar-pessoa dependente às Políticas Públicas de Saúde, as quais devem oferecer programas de avaliação e de intervenções implementadas continuadamente por equipes de saúde.

Além do apoio familiar, a religiosidade pode ser analisada à luz do Interacionismo Simbólico como uma prática social. Por meio da fé, as pessoas conseguem reaver a autoconfiança para superar situações difíceis, amparadas na interação psicoespiritual com Ser sobrenatural, onisciente e onipotente.

O recurso da religiosidade desempenha papel importante para a saúde física e mental e demonstra impactar de forma positiva na maneira como os idosos compreendem e enfrentam as intercorrências e desafios nessa fase da vida(19,20). À vista da dimensão de tal recurso na vida do idoso, o envolvimento em atividades espirituais tem um papel preventivo, tanto no desenvolvimento quanto na duração dos sintomas depressivos: quanto mais engajados, menos desenvolvem o quadro geral da doença. Além disso, a religiosidade interfere de maneira favorável no enfrentamento dos obstáculos e dificuldades da vida, fortalecendo a resiliência e melhorando a qualidade de vida da pessoa idosa(21,22).

Não apenas a religiosidade, mas também a reminiscência imergiu como importante recurso psicossocial, utilizado pelo idoso para ajudá-lo a enfrentar os desafios vivenciados durante o seu restabelecimento no domicílio. Verificou-se a utilização positiva dessa estratégia pelo idoso, principalmente, ao interagir com o sofrimento físico e emocional com a dor e com o estado de confinamento ao leito. O uso da reminiscência comumente leva o paciente em recuperação a sentir-se fortalecido em momentos de fragilização, apoiado no movimento de seu próprio resgate valorativo como pessoa, com um passado significativo para si, sua família e a sociedade.

A reminiscência é descrita como uma forma de resgatar a memória e lembranças do passado e tem sido empregada como uma ferramenta de intervenção eficaz, com idosos acamados, percebendo-se melhora do quadro clínico da depressão e sofrimento, provocando aumento significativo da cognição durante o seu restabelecimento(23).

Na enfermagem, o uso da reminiscência com idosos tem apresentado resultados significativos e eficazes quanto a valorização de suas vidas, promovendo-os ao engajamento em atividades sociais e comunitárias, além de auxiliar a enfermagem a aprimorar o trabalho no desenvolvimento da autoestima dessa população. Acrescenta-se, ainda, que quando o profissional da enfermagem se utiliza da reminiscência no processo de cuidar de idosos, os escores de depressão e ansiedade reduzem significativamente. Ao promover a autoestima, regula-se a emoção cognitiva; logo, eleva-se a satisfação dos idosos com a vida(24).

Nesta pesquisa, todavia, a reminiscência não foi analisada como uma técnica terapêutica aplicada, mas tomada como um processo de autovalorização das lembranças pelo próprio idoso, ou seja, entendida como a capacidade mental de abstrair situações de superação de suas vivências para elevar sua autoestima. Para o idoso, quem se valoriza contenta-se com o modo de ser e demonstra, consequentemente, confiança que seus atos e julgamentos foram suficientes para cumprir sua missão, principalmente de mãe ou pai.

Dessa forma, a reminiscência foi auto processada pelo idoso como ação motivadora para superação dos desafios causados pelo seu estado de dependência funcional e reclusão no leito. Mostrou-se, portanto, uma estratégia de enfrentamento do idoso para se fortalecer e manter-se vivo na esperança de recuperar sua deambulação.

Considerando o exposto, ressalta-se que esta experiência sucedeu em regiões adscritas à ESF, com dificuldades de assistir idosos no domicílio, em recuperação de cirurgia do fêmur. Segundo as Diretrizes Brasileiras para o Tratamento de Fratura do Colo do Fêmur em Idosos, o acompanhamento efetivo pelas equipes interdisciplinares, a partir de um programa de reabilitação, desde alta planejada até o domicílio, pode compor estratégias que contribuam para minimizar os efeitos indesejáveis da cirurgia pós fratura de fêmur em idosos, atuando no gerenciamento e alívio do sofrimento causada pela dor, seja, por administração de analgésicos ou outras estratégias para o restabelecimento da independência e dignidade, perdida durante o processo de recuperação(25).

Considerou-se limitação deste estudo, a não inclusão de grupo amostral de idosos que não haviam recuperado a marcha, em razão da dificuldade de localizá-los, pois segundo informações de familiares contatados verificou-se que, a maioria havia falecido por complicações cirúrgicas e ou piora da qualidade de vida, por não terem recuperado a marcha.

Uma das contribuições desta pesquisa é o modelo teórico sinalizando para a necessidade de se restruturar a rede de atenção ao idoso no Sistema Único de Saúde, de forma a incentivar os hospitais a prepararem o binômio idoso dependente-cuidador familiares para a alta programada, assim como a rede de atenção primária de saúde com equipe interprofissional para assistir esse binômio no processo de reabilitação, de forma a prevenir indignidades com situações modificáveis, como sofrimento com a dor, medo de nova queda, bem como quaisquer ameaças ao resgate da autonomia do idoso em pós-operatório de cirurgia de fratura de fêmur, após queda.

CONCLUSÃO

O modelo teórico emerso explica as estratégias psicossociais do idoso (família, religiosidade e reminiscência) para reabilitação da marcha após cirurgia de fratura de fêmur, como valor social e interativo no processo de cuidar de pessoas idosas no resgate de sua autoconfiança para a deambulação.

REFERÊNCIAS

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