Assistência de enfermagem e fatores de risco na prevenção de lesão por pressão

ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM E FATORES DE RISCO NA PREVENÇAÕ DE LESÃO POR PRESSÃO

NURSING CARE AND RISK FACTORS IN THE PREVENTION OF PRESSURE INJURIES

CUIDADOS DE ENFERMERÍA Y FACTORES DE RIESGO EN LA PREVENCIÓN DE LESIONES POR PRESIÓN

Paulo Weber Gomes de Jesus -  Graduando em Enfermagem da Universidade Estadual de Feira de Santana. ORCID: 0009-0006-9925-3383

Fernanda Araujo Valle Matheus - Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Docente da Universidade Estadual de Feira de Santana. ORCID:0000-0001-7501-6187. 

Marcia Gomes Silva - Enfermeira. Mestre em Políticas Públicas e Segurança Social. Docente da da Universidade Estadual de Feira de Santana. ORCID: 0000-0001-5571-0649.

Thais Moreira Peixoto - Enfermeira. Mestre em Saúde Coletiva. Professora Substituta da Universidade Estadual de Feira de Santana.ORCID: 0000-0001-5395-0905

Fabiana Gonçalves Vieira de Oliveira - Enfermeira na VitaBahia Comércio e importação. ORCID: 0009-0009-7554-4524

Juliana dos Reis - Enfermeira. Hospital Universitário Professor Edgard Santos. ORCID:0000-0002-7039-3837

Sheyla Santana de Almeida - Enfermeira. Mestre em Enfermagem. Hospital das Clinicas da Universidade Federal de Uberlândia em Minas Gerais. ORCID: 0000-0001-8855-8698. 

Ana Cleide da Silva Dias - Enfermeira. Pós-Doutorado em Enfermagem e Saúde Coletiva. Docente da Universidade Federal do Vale do São Francisco. ORCID: 0000-0002-4125-2963

RESUMO

Objetivo:Descrever os fatores de risco e a assistência de enfermagem para prevenção da lesão por pressão no contexto hospitalar. Método: revisão integrativa da literatura coletada em fevereiro/2023 através do Portal de Periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior. Foram incluídos artigos nos idiomas inglês e português, originais, relacionados ao tema e disponíveis na íntegra com acesso gratuito, publicados entre os anos de 2013 até 2023. Como critérios de exclusão: artigos que não atendam o objeto de estudo, duplicados, literatura cinzenta e não originais. Resultados: incluidos 6 artigos que evidenciam medidas de prevenção da lesão por pressão que surtiram efeitos postivos, e  avaliar o conhecimento dos profissionais de enfermagem a respeito do tema. Conclusões: O estudo poderá contribuir para melhoria da qualidade de vida dos pacientes através do conhecimento dos profissionais de enfermagem acerca das tecnologias disponíveis para melhor atender e assim reduzir casos de lesão por pressão.

Palavras-chave: Lesão por pressão; Hospital; Tecnologia; Prevenção; Cuidados de Enfermagem

ABSTRACT

Objective: To describe the risk factors and nursing care for the prevention of pressure injury in the hospital context. Method: integrative literature review collected in February/2023 through the Portal of Periodicals of the Coordination for the Improvement of Higher Education Personnel. Articles were included in English and Portuguese, original, related to the theme and available in full with free access, published between 2013 and 2023. Exclusion criteria: articles that do not meet the object of study, duplicates, gray literature and non-original. Results: 6 articles were included that show measures to prevent pressure injury that had positive effects, and evaluate the knowledge of nursing professionals on the subject. Conclusions: The study may contribute to improving the quality of life of patients through the knowledge of nursing professionals about the technologies available to better serve and thus reduce cases of pressure injury.

Keywords: Pressure Injury; Hospital; Technology; Prevention; Nursing Care

RESUMEN

Objetivo: Describir los factores de riesgo y cuidados de enfermería para la prevención de lesiones por presión en  el contexto hospitalario. Material y método: revisión bibliográfica integradora recogida en febrero/2023 a través del Portal de Publicaciones Periódicas de la Coordinación para la Mejora del Personal de Educación Superior. Se incluyeron artículos en inglés y portugués, originales, relacionados con el tema y disponibles en su totalidad con acceso libre, publicados entre 2013 y 2023. Criterios de exclusión: artículos que no cumplan con el objeto de estudio, duplicados, literatura gris y no originales. Resultados: Se incluyeron 6 artículos que muestran medidas para prevenir las lesiones por presión que tuvieron efectos positivos, y evalúan el conocimiento de los profesionales de enfermería sobre el tema. Conclusiones: El estudio puede contribuir a mejorar la calidad de vida de los pacientes a través del conocimiento de los profesionales de enfermería sobre las tecnologías disponibles para atender
mejor y así reducir los casos de lesión por presión.

Palabras claves:Lesión por Presión; Hospital; Tecnología; Prevención; Cuidados de Enfermería

RECEBIDO: 14/07/2023
APROVADO: 24/07/2023

INTRODUÇÃO

É possível considerar que a Lesão por Pressão (LPP) é um problema enfrentado pela saúde pública, devido os seus elevados dados de incidência e prevalência(1). Com isso, traz problemas tanto para a pessoa acometida pela lesão, como para a instituição, pois além das dores e desconforto, essas lesões podem atrasar o período de recuperação, que consequentemente aumentaria os gastos necessários para o tratamento(2). Dessa forma, faz-se necessário o uso de ações de prevenção, para minimizar possíveis danos à saúde das pessoas hospitalizadas, tendo a enfermagem como profissão essencial e com destaque em ações de educação em saúde com foco preventivo(3).

É importante compreender o conceito de LPP para que sejam realizadas as medidas de caráter preventivo. A LPP é um dano localizado na pele e/ou tecidos moles subjacentes, geralmente sobre uma proeminência óssea ou relacionada ao uso de dispositivo médico ou a outro artefato(4). São consideradas um dos problemas mais comuns de saúde, ocorrendo em diversos contextos da assistência, principalmente no ambiente hospitalar(5). Urge que sejam pensadas medidas preventivas para minimizar os danos do agravo.

Mesmo com o grande avanço tecnológico e estrutural dos ambientes hospitalares com os cuidados de saúde, é notável a elevada prevalência de pessoas que desenvolvem LPP nas unidades(6). No Brasil, a prevalência de lesão por pressão é semelhante às relatadas na literatura mundial, cerca de 40% em pacientes de risco internados em hospital(7). A busca por estratégias e soluções para essa problemática é uma luta dos profissionais de saúde do mundo inteiro sendo um dos maiores desafios vivenciados na assistência em saúde(8).

Programas de cuidado com a pele para a prevenção de lesões, baseados em diretrizes internacionais(9), têm contribuído para a diminuição do número de lesões de pele, embora nem todos os fatores de risco para o seu desenvolvimento sejam conhecidos, devido às especificidades de cada paciente e da doença associada(10). Os fatores de risco que favorecem o aparecimento da LP podem ser relacionados tanto ao paciente (idade, morbidade, estado nutricional, hidratação, condições de mobilidade e nível de consciência) como ao ambiente que o mesmo se encontra (pressão, cisalhamento, fricção e umidade) e são considerados fatores intrínsecos e extrínsecos respectivamente(11).

Segundo Gurgel e Abreu(8) além do enfermeiro, os profissionais da equipe multiprofissional têm um papel importante no cuidado ao paciente hospitalizado, visto que, o risco para desenvolver lesões está atrelado a uma boa assistência, sendo um grande indicador de saúde. A capacidade dos profissionais reconhecerem os pacientes em risco de desenvolvimento de LP somadas à avaliação do estado nutricional, estão entre as estratégias de prevenção de lesões de pele(12). Visto isso, o Ministério da Saúde (MS) instituiu o Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP) por meio da Portaria n° 529, de 1º de abril de 2013(13). Neste programa, um dos objetivos é a diminuição da ocorrência da LP, considerando os elevados custos para o sistema de saúde(13).

Os gastos com o tratamento de lesão por pressão em instituições públicas acabam sendo maiores se comparados a instituições privadas, pois não existe um controle efetivo desse tipo de material(14). Existe uma relação proporcional entre os custos e os estágios das lesões por pressão, de modo que, quanto mais severa a lesão, maior o gasto com o tratamento(15). Um estudo realizado em um hospital brasileiro, sobre os gastos totais para tratamento de LPP evidenciou custos elevados conforme estágios da lesão, variando de R$67,69 a 172,32 para estágio 2; R$29,02 e R$96,38 para estágio 3; R$20,04 e R$225,34 para estágio 4 e R$16,41 e R$260,18 para as não estadeáveis(16). Os enfermeiros têm um papel fundamental tantos em relação ao tratamento quanto a questões de cunho preventivo.

No que tange ao tratamento das lesões por pressão o enfermeiro tem um papel crucial na correta avaliação e classificação das lesões assim como na escolha do tratamento mais adequado. No que tange a prevenção, esse profissional também é peça chave na aplicação de medidas de prevenção dessas lesões(14). A padronização de um método preventivo e sua aplicabilidade correta garantem a melhoria mais rápida do paciente e o reconhecimento do trabalho prestado pelo enfermeiro(14). Com medidas eficientes é possível evitar ao paciente o sofrimento físico e/ou psíquico que uma lesão por pressão pode trazer, proporcionando um tratamento eficaz, mais rápido e mais humanizado às pessoas portadoras desse tipo de lesão(14).

Entende-se que devido à alta prevalência das lesões por pressão associada aos altos custos que são gerados aos sistemas de saúde, é de muita importância contribuir para a redução dessa complicação. Nesse sentido, o objetivo deste estudo é descrever os fatores de risco e as ações de enfermagem na prevenção de LPP.

METODOLOGIA

Estudo de revisão integrativa da literatura, que consiste na construção de uma análise da literatura, com propósito de contribuir para discussões sobre métodos e resultados de pesquisa, além de obter profundo entendimento do fenômeno a ser estudado com base em estudos anteriores (17). O estudo foi realizado com base nas seis etapas que constituem o processo de elaboração de uma revisão integrativa(18).

Na primeira etapa, identificação do tema e seleção da questão de pesquisa, utilizou-se a estratégia PICo que representa o acrômio para problema/população (P), interesse (I), contexto (Co), conforme apontado no quadro 1. Com base nessa estratégia, delimitou-se a seguinte questão: Quais os fatores de risco e cuidados de enfermagem para prevenção da lesão por pressão no contexto hospitalar?

Quadro 1 – Aplicação da estratégia PICO

A segunda etapa, referente ao levantamento e busca bibliográfica, foi realizada no mês de fevereiro de 2023, através de consulta ao Portal de Periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), o qual reúne e disponibiliza às instituições de ensino e pesquisa no Brasil produções científicas internacionais. Para a busca foram utilizados os Descritores em Ciência em Saúde (DeCS) no idioma inglês, com fins de ampliar a busca, juntamente à estratégia PICo, conforme quadro 2.

Quadro 2 – Tabela de estratégias de Busca

Foram considerados como critérios de inclusão: artigos nos idiomas inglês e português, artigos originais relacionados ao tema e disponíveis na íntegra com acesso gratuito, publicados entre os anos de 2013 e 2023. Constituíram como critérios de exclusão: artigos que não atendam o objeto de estudo, publicações duplicadas, teses, livros, revisões e artigos não originais.

No levantamento foram encontradas 945 publicações no periódico CAPES. Para auxiliar na seleção e leitura desses materiais, as publicações foram submetidas ao gerenciador bibliográfico do Mendeley (Figura 1).

A triagem inicial da pesquisa foi executada seguindo os critérios de inclusão e exclusão pré-estabelecidos. Foram excluídos 705 estudos por indisponibilidade gratuita e na íntegra, 22 por não atenderem ao período estabelecido e 15 duplicados, restando 203 estudos. Estes foram submetidos à leitura de seus títulos e resumos, verificando-se que 163 não tinham relação com o objeto de estudo. Os 40 artigos restantes foram lidos na íntegra, dos quais 34 não apresentavam ou não deixavam claro os cuidados de enfermagem para prevenção da lesão por pressão no contexto hospitalar, restando 6 artigos selecionados para compor essa revisão. O processo de identificação, elegibilidade e inclusão do estudo seguiu as recomendações do Reporting Systematic Reviews and Meta-Analyses of Studies (PRISMA), conforme pode ser visualizado na figura 1(19).

Figura 1 – Fluxograma de seleção dos estudos

Fonte: Elaboração própria.

Com a intenção de melhor organizar os materiais coletados constituintes do corpus analítico, foi criado um quadro sinóptico, no qual estão contidas informações como referência, título, objetivo, país, idioma, método, resultados, categorias e nível de evidência, baseado na categorização da Agency for Healthcare Research and Quality (AHRQ)(18-19).

RESULTADOS

Quadro 3 – Publicações consultadas

Fonte: Elaboração própria

DISCUSSÃO

Essa categoria foi formada a partir dos trechos selecionados de três artigos que compõem a amostra da pesquisa, os quais evidenciam a idade avançada, diminuição sensorial, nutrição, imobilidade e incontinência como fatores de risco para o desenvolvimento de lesão por pressão.

FATORES DE RISCO

Para Aghazadeh e colaboradores(22), as lesões por pressão no ambiente hospitalar se tornam cada vez mais inevitáveis, já que muitos pacientes que estão neste espaço apresentam fatores de risco como: idade avançada, imobilidade por traumas, diminuição sensorial, aumento da umidade da pele e nutrição inadequada.

Nesse mesmo estudo, os autores ainda citam que no seu estudo a maioria dos pacientes envolvidos estavam internados devido ao diagnóstico de fratura, trauma raquimedular e AVC, que de certa forma traz imobilidade a este paciente e consequentemente o surgimento da lesão por pressão. Portanto a imobilidade é um preditor para esta complicação.

Segundo Pickenbrock e colaboradores(23), pensa-se que a razão principal para o aparecimento de úlceras de pressão, além da imobilidade e desnutrição, seja a pressão prolongada na pele, bem como a pressão em conjunto com força de cisalhamento. Com isso é possível concluir que pacientes que estão com o diagnóstico de mobilidade reduzida com quadro de desnutrição estão mais dispostos a desenvolver a lesão por pressão.

Os achados de Qaddumi e Khawaldeh(24), evidenciam após a aplicação de um teste que os profissionais de enfermagem possuem um conhecimento maior referente à classificação, nutrição e medidas preventivas como forma para reduzir  lesão por pressão, baseado na pontuação obtida. Os autores concluíram que a maioria dos enfermeiros apresentou conhecimento deficiente em relação à prevenção da lesão por pressão, em assuntos relacionados à origem da LPP e medidas preventivas para diminuir a pressão/cisalhamento. 

De modo a facilitar o entendimento dividimos os fatores de risco em fatores intrínsecos e fatores intrínsecos.

Fatores Extrínsecos

Essa categoria foi formada a partir dos trechos selecionados de três artigos que compõem a amostra da pesquisa, os quais evidenciam a pressão, cisalhamento, fricção  e umidade como fatores extrínsecos para o desenvolvimento de lesão por pressão.

Os achados de Ford(20), evidenciam que a umidade é um fator extrínseco através do uso de Scanner que funciona medindo mudanças na umidade sob a pele, ele é colocado em áreas onde o dano é mais provável de ocorrer, como calcanhares e região sacra, onde faz uma leitura rápida mostrando seu resultado. O autor concluiu que as lesões por pressão adquiridas na unidade hospitalar reduziram a praticamente 0, e que as existentes fossem identificadas logo na admissão. Tornando assim o trabalho da equipe mais ágil a fim de reduzir danos.  

Já os achados de Pickenbrock e colaboradores(23), buscam através de um estudo de comparação de dois métodos de posicionamento do paciente, denominados método Neutro (LiN) e método convencional (CoN), demonstrar qual o método de posicionamento  é mais eficaz para diminuir a pressão do paciente sobre a superfície do colchão, através do posicionamento do paciente em decúbito dorsal, lateral 30° e lateral 90°. Os autores trazem como diferença entre os métodos o uso de um pouco mais de materiais de suporte, como lençóis, a fim de preencher espaços vazios e diminuir a pressão. Além disso, foi usado um colchão com sensores para medir os níveis de pressão em cada um dos métodos utilizados. Foi possível concluir que o método LiN é mais adequado para a prevenção de lesões por pressão porque o LiN apresentou menos superfície de apoio em comparação com o CoN. 

Seguindo a mesma linha de raciocínio, Hayn e colaboradores(21), mostra que no seu estudo de posicionamento de sensores em colchões com o auxílio de acelerômetros (dispositivo que mede a vibração ou a aceleração do movimento de uma estrutura) para detectar o movimento do paciente sobre o leito e investigar se existe correlação com fatores de risco das úlceras por pressão, que o risco mediano de úlcera por pressão dos participantes de acordo com Braden foi de 21,5 com um intervalo interquartil de 16,3 a 23. Feridas preexistentes e peso corporal também foram levados em conta. Os autores concluíram que o sistema é capaz de detectar movimentos de pessoas deitadas no leito, porém existe fraca correlação entre a  mobilidade e o risco de desenvolver úlcera por pressão, de acordo com o Braden que foi encontrado.

Fatores Intrínsecos

Essa categoria foi formada a partir dos trechos selecionados de 2 artigos que compõem a amostra da pesquisa, os quais evidenciam a idade, peso corporal, doenças preexistentes e tempo de permanência no hospital são fatores intrínsecos para o desenvolvimento de lesão por pressão.

Hayn e colaboradores(21) levaram em consideração observar as pessoas incluídas no seu estudo, através de uma tabela onde ele descreveu os fatores de risco, como doenças relacionadas as LPPs, feridas preexistentes, idade, peso e o risco de desenvolver LPP. Com esta tabela eles puderam identificar os pacientes incluídos no estudo e analisar os efeitos dos sensores posicionados nos colchões.

O estudo de Aghazadeh e colaboradores(22), mostra que a faixa etária tem relação direta com o aparecimento de lesões por pressão, já que quanto maior a idade maior a incidência da lesão por pressão no estudo. Além disso, foi possível detectar mais dois fatores que também trazem uma relação significativa, pois segundo os autores, o tempo de internação e o aparecimento da lesão por pressão estão interligados, assim como quanto maior o peso do paciente, maiores o risco de desenvolver lesões por pressão. Os autores trazem ainda que independente das causas do surgimento da lesão por pressão, a permanência hospitalar tem maior impacto sobre a lesão, principalmente para os pacientes que estão na UTI, limitados ao movimento.

O manual de prevenção e tratamento de úlceras/lesões por pressão: guia de consulta rápida. European Pressure Ulcer Advisory Panel (EPUAP), National Pressure Injury Advisory Panel (NPIAP), Pan Pacific Pressure Injury Alliance (PPPIA),(9) revelam que além dos fatores de risco encontrados nesta categoria, existe alguns fatores de risco adicionais que são importantes para o desenvolvimento de lesões por pressão em indivíduos gravemente enfermos, como por exemplo: A duração da internação em cuidados intensivos, uso de ventilação mecânica e uso de vasopressores.

Teixeira e colaboradores(26), evidenciam as amostras trazidas nesta categoria, já que no seu estudo também foi possível verificar que o tempo de permanência dos pacientes esteve associado ao desenvolvimento de LPP. Este estudo foi realizado em uma UTI de um hospital universitário do Nordeste do Brasil, onde foi identificado que pacientes com hospitalização prolongada apresentam, aproximadamente, quatro vezes o risco de desenvolver lesões por pressão.

ESCALA DE AVALIAÇÃO BRADEN

No estudo, dois autores abordam que a escala de Braden é uma das escalas mais utilizadas para predizer o risco de pacientes adquirirem lesão por pressão e dessa forma atuarem na prevenção.

Para Aghazadeh e colaboradores(22), a escala de Braden é uma ferramenta que considera as dimensões básicas das lesões por pressão, onde é incluído a causa e gravidade desta ferida. Ainda, segundo os autores, com base no estudo, todos os resultados obtidos na escala de Braden tiveram uma relação significativa com o aparecimento de lesões por pressão, onde se conclui que Braden é uma ótima ferramenta para a prevenção de lesões por pressão. 

Ao examinar os achados de Aghazadeh e colaboradores(22), observou-se também  que dos 39 pacientes do seu estudo que apresentavam lesão por pressão, 26 indicavam alto risco, concluindo que o escore de Braden e a incidência de lesão por pressão estão relacionadas, portanto quanto maior a pontuação na Escala de Braden, menor a chance de desenvolver a lesão por pressão.

Segundo Rocha e colaboradores(25),  trazem na sua pesquisa de avaliação conhecimento de profissionais de enfermagem na prevenção de lesão por pressão, que por mais que a Escala de Braden exija um pouco mais de tempo na assistência do profissional, ela é de extrema importância para o prognóstico, dado que a identificação de pacientes de risco permite implementar medidas preventivas numa fase precoce, o que pode reduzir para metade a incidência de LPP.

Para complementar os artigos incluídos nesta categoria, os autores Salgado e colaboradores(27), pontuam apesar de haver outras escalas preditivas, a Escala  de  Braden  é  o instrumento avaliativo mais  utilizado  pelo  enfermeiro  no  Brasil, auxiliando na assistência, sinalizando  possíveis  complicações  e  direcionando possíveis ações de prevenção contra a lesão por pressão.

No entanto, os autores consideram que outras escalas são eficazesna  prevenção  de  lesão  por  pressão, principalmente em pacientes críticos, sendo necessário que os profissionais adotem em suas atividades outros métodos avaliativos, para que os resultados sejam o mais satisfatório possível, utilizando uma avaliação criteriosa do melhor método a ser aplicado de acordo com as características clínicas e o setor de internação dos pacientes avaliados(27).

MEDIDAS DE PREVENÇÃO

Essa categoria foi formada a partir de 4 artigos que compõem a amostra da pesquisa, os quais evidenciam  medidas de prevenção para as lesões por pressão.

O autor Pickenbrock e colaboradores(23), afirmam que ‘‘Acredita-se que os fatores mais importantes para neutralizar a pressão sejam os movimentos do paciente, a distribuição da pressão e o alívio da pressão.’’ Trazendo estes como meios de prevenção para lesões por pressão.

No estudo do autor Hayn e colaboradores(21), ao posicionar sensores em colchões a fim de medir a pressão exercida pelo paciente sobre a superfície e consequentemente obter as possíveis área mais atingida e suscetíveis a desenvolver a lesão por pressão, eles citam que, “[...] A prevenção de úlceras de pressão concentram-se na detecção de pressão de longo prazo em regiões específicas da pele. O tipo mais óbvio de detector é um sensor de pressão, já que a pressão é a principal razão para úlceras de pressão.”(21). Mostrando assim que os sensores usados no seu estudo são uma medida de prevenção para o desenvolvimento de lesões por pressão.

Os achados de Ford(20), revelam que o scanner usado para detectar a mudança de umidade da pele nos pacientes hospitalizados trouxe um resultado promissor, comparado como ‘divisor de águas’ na prevenção de lesão por pressão, já que houve uma grande redução no número de lesões por pressão, nas unidades em que o método foi implementado.

Já Rocha e colaboradores(25), desenvolveram em seu estudo um questionário que busca avaliar os conhecimentos dos profissionais de enfermagem sobre a prevenção da lesão por pressão. Dentro deste questionário os profissionais deveriam classificar as afirmativas entre verdadeiro e falso. Afirmativas para prevenir lesões por pressão como: manter a cabeceira a 30º, mudança de decúbito a cada 2 horas, manter pele limpa e seca, usar lençóis para mover o paciente, e etc. tiveram um bom número de acertos entre os profissionais. Rocha e colaboradores(25), concluíram também que a medida de prevenção mais citada no questionário foi a mudança de decúbito, tendo 100% das assertivas. 

O manual de prevenção e tratamento de úlceras/lesões por pressão: guia de consulta rápida. NPUAP/EPUAP/PPPIA(28) ainda traz a importância do controle do microclima como medida de prevenção do desenvolvimento da lesão por pressão, através de alguns métodos, como: selecionar uma superfície de apoio correta, alterando a taxa de evaporação da humidade e a taxa de dissipação do calor da pele. A seleção da cobertura utilizada, e a não aplicação de dispositivos de aquecimento, já que o calor aumenta a taxa metabólica e induz a transpiração.

Já o manual de prevenção e tratamento de úlceras/lesões por pressão: guia de consulta rápida. EPUAP/NPIAP/PPPIA(9), revela que  além das medidas de prevenção citadas nesta categoria, devemos lembrar de cuidados básicos com a pele para a prevenção da lesão por pressão, como, manter a pele limpa e adequadamente hidratada, limpar a pele imediatamente após episódios de incontinência, evitar o uso de sabonetes e produtos de limpeza alcalinos e proteger a pele da umidade com um produto de barreira.

CONCLUSÃO

No trabalho de pesquisa constata-se que existe um número elevado de desenvolvimento de lesões por pressão, que trazem impactos significativos sobre o período de internação do paciente, de modo consequente, custos altos de tratamento para a instituição. E por isso se faz a importância de estudar sobre a assistência de enfermagem a pacientes portadores dessa lesão pautada em seus fatores de risco e nas ações preventivas.

Diante disso, a pesquisa teve como objetivo geral descrever os principais fatores de risco para o desenvolvimento das lesões por pressão e apontar quais as assistências de enfermagem mais eficazes na prevenção desta lesão, levando em consideração as tecnologias disponíveis atualmente que expressam resultados significativos.

Constata-se que o objetivo foi atendido, porque efetivamente o trabalho conseguiu demonstrar os fatores de risco que corroboram para o desenvolvimento da lesão por pressão e quais são as assistências de enfermagem mais utilizadas atualmente, entre elas cuidados utilizando tecnologias, que previnem o desenvolvimento desta lesão.  

Dando seguimento, o estudo teve como objetivos específicos, destacar os fatores de risco encontrados, destacar a escala de avaliação mais utilizada e apontar as medidas de prevenção adotadas pelos profissionais de enfermagem.

 Na categorização 3 artigos evidenciaram que a idade avançada, a diminuição sensorial, a nutrição, a imobilidade e a incontinência são fatores de risco para o desenvolvimento de lesão por pressão. Ainda foi possível encontrar sub categorias,  categorizadas como fatores extrínsecos, onde 3 artigos, expõem que  pressão, cisalhamento, fricção  e umidade são fatores extrínsecos para o desenvolvimento de lesão por pressão. E a outra, composta por 2 artigos  que evidenciam a idade, peso corporal, doenças preexistentes e tempo de permanência no hospital como fatores intrínsecos para o desenvolvimento de lesão por pressão.

Foi importante também destacar a escala de avaliação empregada nos artigos encontrados para o estudo, onde 4 artigos evidenciaram que a escala de Braden é uma das escalas mais utilizadas para predizer o risco de pacientes adquirirem lesão por pressão e dessa forma atuarem na prevenção. Porém em comparação com outros autores, foi possível entender que por mais que esta escala seja uma das mais utilizadas no Brasil, necessita-se avaliar o quadro clínico do paciente e o setor de internação para que os resultados sejam o mais satisfatório possível, sendo necessário que os profissionais adotem em suas atividades outros métodos avaliativos também.Como medidas de prevenção, 4 artigos demonstraram através de citações e comparação entre autores, as medidas mais eficazes para a prevenção da lesão por pressão.

Diante da metodologia empregada neste estudo, onde foi feita uma análise da literatura a fim de se obter profundo entendimento do fenômeno a ser estudado com base em estudos anteriores, houveram algumas limitações de pessoais e de tempo,  que impediram uma pesquisa mais ampla na bibliografia para a análise de outros métodos de prevenção.

Por fim, o estudo teve o intuito de contribuir para melhoria da qualidade de vida dos pacientes, através do conhecimento dos profissionais de enfermagem acerca dos fatores de risco, as medidas de prevenção e as tecnologias disponíveis atualmente para melhor atender aos pacientes, bem como contribuir com a diminuição de casos de lesão por pressão.

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