INVESTIGAÇÃO SOBRE O CONHECIMENTO DAS MULHERES ACERCA DO HPV E SUA VACINAÇÃO

INVESTIGAÇÃO SOBRE O CONHECIMENTO DAS MULHERES ACERCA DO HPV E SUA VACINAÇÃO

RESEARCH ON WOMEN'S KNOWLEDGE ABOUT HPV AND ITS VACCINATION

INVESTIGACIÓN SOBRE EL CONOCIMIENTO DE LAS MUJERES SOBRE EL VPH Y SU VACUNACIÓN

Autores

Gabrielle Pestana Bellini de Oliveira. Enfermeira. Graduação em Enfermagem pelo Centro Universitário de Lins - UNILINS. Lins (SP), Brasil. ORCID ID: 0009-0007-1848-5826.

Larissa Alevato Barduzzi Lopes. Enfermeira. Graduação em Enfermagem pelo Centro Universitário de Lins - UNILINS. Lins (SP), Brasil. ORCID ID: 0000-0001-8849-6079 

Sabrina Piccinelli Zanchettin Silva. Enfermeira. Professora, Graduação em Enfermagem, Centro universitário de Lins - UNILINS. Lins (SP), Brasil. Doutora em Saúde pública pela Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto. ORCID ID: 0000-0002-5763-6814 

Silvia Manfrin Alves Correia. Enfermeira. Professora. Graduação em Enfermagem, Centro Universitário de Lins - UNILINS. Lins (SP), Brasil. Mestra em Promoção de Saúde pela Universidade de Franca. ORCID ID: 0000-0002- 4157-5738 

Fabio Renato Lombardi. Biólogo. Professor. Graduação em Ciências Biológicas, Centro Universitário de Lins - UNILINS - Lins (SP), Brasil. Doutor em Biofísica Molecar, pela Universidade Estadual Paulista (UNESP), campus de São José do Rio Preto. ORCID ID: 0000-0002-3610-4528 

Fábio Renato Lombardi - Biólogo. Professor. Graduação em Ciências Biológicas, Centro Universitário de Lins - UNILINS - Lins (SP), Brasil. Doutor em Biofísica Molecar, pela Universidade Estadual Paulista (UNESP), campus de São José do Rio Preto.ORCID ID: 0000- 0002-3610-4528

RESUMO

Objetivo: identificar o nível de conhecimento de mulheres sobre o HPV e sua vacinação. Método: Este trabalho tem caráter exploratório com abordagem quantitativa. A coleta de dados foi realizada através de uma entrevista estruturada, com um questionário misto e confeccionado pelos pesquisadores da pesquisa. Resultados: Foram entrevistadas 224 mulheres entre 18 e 81 anos de idade, numa cidade do interior do estado de São Paulo, onde 69,6% (156 sujeitos) nunca participaram de nenhuma atividade educativa sore o tema. Conclusão: foi identificado a necessidade de programas educativos, prevenção e diagnóstico precoce, devido a falta de conhecimento das mulheres, promovendo, assim, o déficit dos índices de morte pela contaminação do HPV e sucessivamente por câncer do colo uterino.

DESCRITORES:  HPV; Mulheres; Câncer de colo uterino. 

ABSTRACT

Objective: to identify the level of knowledge of women about HPV and its vaccination. Method: This work is exploratory in nature with a quantitative approach. Data collection was performed through a structured interview, with a mixed questionnaire prepared by the researchers. Results: 224 women between 18 and 81 years of age were interviewed in a city in the interior of the state of São Paulo, where 69.6% (156 subjects) had never participated in any educational activity on the subject. Conclusion: the need for educational programs, prevention and early diagnosis was identified, due to the lack of knowledge of women, thus promoting the deficit in death rates due to HPV contamination and successively due to cervical cancer.

KEYWORDS: HPV; Women; Cervical cancer.

RESUMEN

Objetivo: identificar el nivel de conocimiento de las mujeres sobre el VPH y su vacunación. Método: Este trabajo es de carácter exploratorio con un enfoque cuantitativo. La recolección de datos se realizó a través de una entrevista estructurada, con un cuestionario mixto elaborado por los investigadores de la investigación. Resultados: Fueron entrevistadas 224 mujeres entre 18 y 81 años, en una ciudad del interior del estado de São Paulo, donde el 69,6% (156 sujetos) nunca había participado de alguna actividad educativa sobre el tema. Conclusión: se identificó la necesidad de programas educativos, de prevención y diagnóstico precoz, debido al desconocimiento de las mujeres, promoviendo así el déficit en las tasas de mortalidad por contaminación por VPH y sucesivamente por cáncer de cuello uterino.

DESCRIPTORES: VPH; Mujer; Cáncer de cuello uterino.

Recebido: 11/07/2024 Aprovado: 11/11/2024

Tipo de artigo: Artigo Original

INTRODUÇÃO

O Papilomavírus Humano (HPV) é descendente da família Papillomaviridae e do gênero Papillomavirus. É conhecido por ser um DNA-vírus de dupla fita, não envelopados, um agente etiológico altamente infeccioso que acomete pele e mucosas do corpo humano e causador de lesões anorretais como condiloma acuminado, carcinoma espinocelular e seu precursor, a neoplasia intraepitelial1.

É um vírus causador de infecções sexualmente transmissíveis (IST), afetando homens e mulheres, sendo considerado um problema de saúde pública devido as altas taxas de contaminação. Cerca de 291 milhões de mulheres, no mundo, apresentam esse tipo de infecção, podendo regredir naturalmente ou evoluir para outros sintomas2.

Atualmente, há mais de 200 tipos de HPV com ações de contaminação diferentes, onde 40 infectam o trato ano-genital. Visto que este vírus é classificado em HPV oncogênicos e não oncogênicos, a partir de seu potencial de evoluir para futuras lesões malignas cancerígenas3

Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), em 2023, 13 tipos de HPV são considerados oncogênicos pois apresentam maior risco ou probabilidade de provocar infecções persistentes e estão associados a lesões percursoras. Dentre os HPV de alto risco, os tipos 16 e 18 estão presentes em 70% dos casos de câncer uterino e os tipos 6 e 11, são encontrados em 90% dos condilomas genitais e papilomas laríngeos, mas são considerados não oncogênicos4.

Na maioria das vezes, o sistema imune consegue combater de maneira eficiente a infecção pelo HPV, alcançando a cura com eliminação completa do vírus, principalmente, entre as pessoas mais jovens. Algumas infecções, porém, persistem e podem causar lesões. As melhores formas de prevenir essas infecções são a vacinação preventiva, realização do Papanicolau e o uso de preservativo. É importante ressaltar que qualquer lesão causada pelo HPV precisa de acompanhamento médico para o tratamento e a prevenção de doenças mais graves5

Sendo assim, vê-se a importância de campanhas de orientação, pesquisas e estudos, avaliando o nível de conhecimento sobre o assunto e grau de vulnerabilidade 8 para possíveis intervenções. Então, o objetivo deste estudo é identificar o nível de conhecimento das mulheres sobre o HPV e a sua vacinação.

 

MÉTODO

Este trabalho tem caráter exploratório com abordagem quantitativa. O trabalho foi realizado na Cidade de Pirajuí, localizada no interior do Estado de São Paulo. Esta cidade, segundo estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2021, possui uma população de 25.939 habitantes. Neste município, o número total de mulheres é de 10.134, sendo que, na faixa etária entre 18 e 60 anos de idade, existem, aproximadamente, 5.896 mulheres, as quais serão o público-alvo dessa pesquisa6.

Os critérios de inclusão deste trabalho foram: ser mulher e maior de 18 anos de idade. Foram entrevistadas 224 mulheres que frequentam o Centro de Saúde II de Pirajuí Dr. Jorge Meirelles da Rocha, o Posto de Saúde da Família (PSF) Dr. Dimas Volpato ou a Unidade de Saúde da Família Doriel Gonçalves. A pesquisa é de caráter não-probabilístico, onde a amostra foi selecionada por conveniência.

A coleta de dados foi realizada através de uma entrevista estruturada, com um questionário misto e confeccionado pelos pesquisadores da pesquisa. As entrevistas foram realizadas em um local que possibilitasse aos participantes da pesqusia responderem o questionário de forma isenta e com respeito ao sigilo dos dados fornecidos. O questionário avaliou a idade, o nível econômico, bem como, o conhecimento dos participantes da pesquisa sobre HPV e frequência de exames preventivos.

Foi utilizada estatística descritiva (percentagem, média, frequência relativa) para elaboração, descrição e tratamento dos dados. A pesquisa em questão foi submetida ao CEP e aprovada pelo número do parecer 5.863.501. 

RESULTADOS 

A amostra da pesquisa foi formada por mulheres nas seguintes porcentagens por faixa etária: 20% (45 sujeitos) entre 18-27 anos, 16% (36 sujeitos) entre 27-36 anos, 21% (47 sujeitos) entre 36-45 anos, 16% (37 sujeitos) entre 45-54 anos, 14% (31 sujeitos) entre 54-63 anos, 9% (20 sujeitos) entre 63-72 anos e 4% (8 sujeitos) entre 72-81 anos, totalizando 224 entrevistas (quadro 1).

A idade das participantes variou entre 18 e 81 anos de idade. A faixa predominante foi entre 36 e 45 anos com 21% (47 sujeitos), porém, 87% (196 sujeitos) estão entre 18 e 63 anos de idade e toda mulher que tem ou já teve vida sexual ativa, especialmente entre 25 e 60 anos, deve realizar o exame a cada três anos, se não houver anormalidades.

O estado civil das participantes foi de 36,1% (81 sujeitos) sendo solteiras, 45,2% (101 sujeitos) casadas, 13,8% (31 sujeitos) divorciadas e 4,9% (11 sujeitos) viúvas. E, sobre a renda familiar, 5,3% (12 sujeitos) recebem meio salário-mínimo (SM), 49,2% (110 sujeitos) até 1 SM, 38,6% (86 sujeitos) entre 2 e 4 SM, 3,5% (8 sujeitos) de 5 e 7 SM, 0,8% (2 sujeitos) mais de 8 SM e 2,6% (6 sujeitos) não responderam à questão. 

Em relação ao grau de instrução das entrevistadas, 14% (31 sujeitos) possuem ensino fundamental incompleto, 10,2% (23 sujeitos) possuem ensino fundamental completo, 15,5% (35 sujeitos) ensino médio incompleto, 34% (76 sujeitos) ensino médio completo, 9,8% (22 sujeitos) ensino superior incompleto e 16,5% (37 sujeitos) possuem ensino superior completo.

 

Quadro 1. Tabela ilustrando as respostas das participantes quanto ao seu sexo, estado civil, renda familiar e grau de instrução.

 

CARACTERÍSTICAS

%


Faixa etária (anos)

   

18 a 27 anos

45

20

27 a 36 anos

36

16

36 a 45 anos

47

21

45 a 54 anos

37

16

54 a 63 anos

31

14

63 a 72 anos

20

9

72 a 81 anos

8

4

Estado Civil

   

Solteiras

81

36,1

Casadas

101

45,2

Divorciadas

31

13,8

Viúvas

11

4,9

Renda Familiar

   

Meio SM

12

5,3

Até 1 SM

110

49,2

Entre 2 e 4 SM

86

38,6

Entre 5 e 7 SM

8

3,5

Mais de 8 SM

2

0,8

Não responderam

6

2,6

Grau de Instrução

   

Ensino Fundamental Incompleto

31

14

Ensino Fundamental Completo

23

10,2

Ensino Médio Incompleto

35

15,5

Ensino Médio Completo

76

34

Ensino Superior Incompleto

22

9,8

Ensino Superior Completo

37

16,5

Fonte: elaborado pelos próprios autores, 2023.

As entrevistadas foram indagadas quantas vezes procurou o ginecologista, nos últimos 12 meses, os resultados mostraram que 34% (76 sujeitos) não foram nenhuma vez ao ginecologista, 34,5% (77 sujeitos) foram uma vez, 18,8% (42 sujeitos) foram duas vezes, 10,7% (24 sujeitos) foram de três a cinco vezes e 2% (5 sujeitos) de seis a dez vezes durante o último ano.

Quando as entrevistadas foram questionadas se utilizavam preservativo nas relações sexuais, 25,4% (57 sujeitos) afirmaram usar preservativo, 65,8% (147 sujeitos) não usam preservativo e 8,8% (20 sujeitos) não responderam à questão. Foi questionado se em caso negativo, se as entrevistadas sabiam as consequências de não utilizar o preservativo durante as relações sexuais e todas afirmaram saber as consequências.

Foi questionado se as entrevistadas já realizaram o exame de Papanicolau preventivo, os resultados mostraram que 88% (197 sujeitos) relataram já ter realizado alguma vez e 12% (27 sujeitos) nunca realizaram o exame. 

Outra questão foi com qual frequência elas realizaram o exame de Papanicolau, os resultados mostraram que 9,8% (22 sujeitos) realizaram a cada 6 meses, 54,3% (121 sujeitos) realizaram anualmente, 9,3% (21 sujeitos) a cada dois anos, 5,3% (12 sujeitos) a cada três anos, 0,8% (2 sujeitos) a cada 4 anos, 10,3% (23 sujeitos) com intervalos acima de 5 anos e 10,2% (23 sujeitos) não responderam à questão.

Foi questionado se já tinham ouvido falar sobre o HPV e, em caso positivo, qual o local? Os resultados mostraram que 80,4% (180 sujeitos) já ouviram falar e 19,6% (44 sujeitos) nunca ouviu falar sobre o assunto. Dentre as respostas positivas, os principais lugares citados foram: TV, internet, posto de saúde, familiares e amigos, palestras e escolas.

Sobre a transmissão, foi questionado qual o principal meio? Conforme ilustrado na tabela 1, 1,7% (4 sujeitos) acreditam ser pelo ar, como espirros e tosses, 83,1% (186 sujeitos) durante a relação sexual, 6,6% (15 sujeitos) pelo vaso sanitário e 7,7% (17 sujeitos) não sabiam responder, além disso, 0,9% (2 sujeitos) deixaram a questão em branco. 

Tabela 1. Tabela ilustrando as respostas das participantes sobre a principal forma de transmissão do HPV.

Idade (anos)

Pelo ar

Relação Sexual

Vaso Sanitário

Não sei

18- 27

0

35

5

5

27- 26

0

30

3

1

36- 45

1

41

1

4

45- 54

3

34

0

0

54- 63

0

22

3

6

63- 72

0

18

1

1

72- 81

0

6

2

0

Fonte: elaborado pelos próprios autores, 2023.

Quando foram questionadas para quem pode ser transmitido o vírus do HPV, 12,5% (28 sujeitos) assinalaram que apenas pode ser transmitido para homens, 17,4% (39 sujeitos) apenas para mulheres, 51,8% (116 sujeitos) para homens, mulheres e recém nascidos durante o parto e 17,4% (39 sujeitos) não sabiam responder, além disso, 0,9% (2 sujeitos) não responderam à questão.

Outra questão, foi sobre o que o vírus do HPV causa nos infectados? Conforme ilustrado na tabela 2, 53,8% (120 sujeitos) afirmaram que causa verrugas na genitália e/ou câncer de colo uterino, 6% (14 sujeitos) corrimento, 7,5% (17 sujeitos) apenas verrugas nas genitálias, 7,9% (18 sujeitos) apenas câncer de colo uterino e 24,8% (55 sujeitos) não sabem (tabela 2).

Tabela 2. Tabela ilustrando as respostas das participantes sobre o que o vírus do HPV causa.


Idade (anos)

Verrugas e/ou câncer

de colo uterino


Corrimento


Verrugas

Cancer de colo uterino


Não sei

18- 27

27

1

3

3

11

27- 26

24

1

2

3

6

36- 45

25

3

4

4

11

45- 54

23

3

5

1

5

54- 63

12

2

1

5

11

63- 72

7

3

1

1

8

72- 81

2

1

1

1

3

Fonte: elaborado pelos próprios autores, 2023.

Foi questionado qual o melhor método de prevenção contra o HPV e 3,5% (8 sujeitos) afirmaram ser por antibiótico, 0,8% (2 sujeitos) tomando anticoncepcional, 0,4% (1 sujeito) utilizando espermicida, 85,1% (190 sujeitos) utilizando camisinha durante as relações sexuais, 0,8% (2 sujeitos) com o uso de DIU e 9,4% (21 sujeitos) não souberam responder.

Quando as entrevistadas foram indagadas se o HPV possui tratamento, os resultados mostraram que 82,6% (185 sujeitos) responderam de forma afirmativa a pergunta, 4,4% (10 sujeitos) responderam que não possui tratamento e 13% (29 sujeitos) responderam que não sabem a resposta. 

Posteriormente, perguntou-se se existe vacina para o vírus do HPV, onde os resultados mostraram que 61,7% (138 sujeitos) afirmaram que sim, 8% (18 sujeitos) disseram que não existe e 30,3% (68 sujeitos) alegaram não saber a resposta. Em seguida, as entrevistadas foram perguntadas se já tomaram a vacina contra o HPV. Os resultados mostraram que 16,5% (37 sujeitos) tomaram a vacina, 81,3% (182 sujeitos) não tomaram a vacina e 2,2% (5 sujeitos) não responderam à questão. 

Por fim, foi questionado se as entrevistadas já participaram de alguma atividade educativa sobre DSTs/HPV ou câncer de colo do útero, os resultados mostraram que 30,4% (68 sujeitos) já participaram de alguma ação e 69,6% (156 sujeitos) nunca participou de nada. Das entrevistadas que afirmaram ter participado, os principais locais foram: escola, serviço, posto de saúde, internet e TV.

DISCUSSÃO 

No município de Ipatinga foram entrevistados 591 indivíduos, os resultados obtidos foram muito parecidos com o desta pesquisa, onde 84,1% (497 sujeitos) já haviam realizado o exame de Papanicolau7.

Em Campo Grande/MS foi realizado um estudo, com 250 mulheres, onde 32,4% (81 sujeitos) afirmaram ter feito o exame entre 1 e 2 anos e 29,2% (73 sujeitos) não realizavam há mais de dois anos. O que corrobora com esta pesquisa, onde 54,3% (121 sujeitos) realizaram o exame preventivo de Papanicolau, anualmente8.

Sobre o uso de preservativos durante a relação sexual, 65,8% (147 sujeitos) disseram não usar, mas afirmaram saber as consequências do não uso. Em uma pesquisa realizada no município de Minas Gerais, mais da metade dos participantes, 51,1% (302 sujeitos) também afirmaram não fazer uso de preservativo durante as relações sexuais, o que vai de encontro aos dados encontrados nesta pesquisa7.

Pesquisadores analisaram um banco de dados de 1.470 mulheres atendidas em ambulatórios em Ribeirão Preto, SP, onde 51% (750 sujeitos) já tinham ouvido falar sobre o HPV. Já nesta pesquisa, mais de 80% (180 sujeitos) alegaram ter escutado sobre o assunto em unidades de saúde, trabalho, familiares, internet e TV9.

Diante dessa informação, percebe-se que devido à diferença de tempo, as unidades básicas de saúde e meios de informações aumentaram a divulgação desse assunto, a fim de prevenir e conscientizar as mulheres acerca dessa necessidade, porém, ainda existe pessoas que nunca ouviram falar sobre o vírus. 

Um pesquisador refere, em sua pesquisa, que 85% (34 sujeitos) dos questionados mencionaram que a principal forma de transmissão do HPV se dá por via sexual, 7,5% (3 sujeitos) por fluidos corporais no geral, 2,5% (1 sujeito) entre contato direto da mãe com o filho e 5% (2 sujeitos) não souberam responder. Na presente pesquisa, 6,6% (15 sujeitos) acreditam ser pelo vaso sanitário e 7,7% (17 sujeitos) não sabiam responder, além de que, 0,9% (2 sujeitos) deixaram a questão em branco10.

Em ambas as pesquisas, mesmo que a maior parte das entrevistadas souberam responder a questão corretamente, mais de 15% das entrevistadas relataram que a transmissão era de outras formas, deixando evidente a falta de informação sobre o tema.

Sobre para quem pode ser transmitido o vírus do HPV, nota-se, nesta pesquisa, que 51,8% (116 sujeitos) afirmaram ser para homens, mulheres e recém nascidos durante o parto, 17,4% (39 sujeitos) não souberam responder, e, 0,9% (2 sujeitos) não responderam à questão. Já Abreu7 entrevistaram 591 indivíduos no município de Ipatinga/MG, analisaram 96,6% (571 sujeitos) questionados onde 81,9% (468 sujeitos) declararam que mulheres podem contrair HPV, enquanto 40,9% (233 sujeitos) responderam que homens e crianças poderiam contrair o vírus, 56,5% (323 sujeitos) referiram acreditar que o bebê pode contrair o HPV durante a gestação e 30% (171 sujeitos) não souberam responder se poderia ou não.

Segundo Andrade11, em sua pesquisa: conhecimento de mulheres sobre o HPV e câncer do colo do útero em Bananal/TO, 37,42% (58 sujeitos) acreditaram que os sintomas do HPV se desenvolveram em verrugas vaginais,14,19% (22 sujeitos) feridas vaginais, 7,74% (12 sujeitos) corrimento, 0,65% (1 sujeito) dor na relação sexual e 0,65% (1 sujeito) coceira. Em comparação com a presente pesquisa 53,8% (120 sujeitos) das entrevistadas afirmaram que causa verrugas na genitália e/ou câncer de colo uterino, 6% (14 sujeitos) corrimento, 7,5% (17 sujeitos) apenas verrugas nas genitálias, 7,9% (18 sujeitos) apenas câncer de colo uterino e 24,8% (55 sujeitos) não souberam. Nota-se que as manifestações das verrugas nas genitais são as mais recorrentes dos sintomas manifestos.

Analisando os dados do melhor método de prevenção contra o HPV dessa pesquisa, 85,1% (190 sujeitos) afirmaram ser utilizando camisinha durante as relações sexuais e 9,4% (21 sujeitos) não souberam responder. Em uma pesquisa na Universidade Federal de Alagoas, foram entrevistadas 110 mulheres, das quais, 62,7% (68 sujeitos) relataram saber como prevenir o câncer de colo uterino, entre as quais 52,9% (36 sujeitos) citaram o preservativo como principal meio de prevenção, seguido do exame preventivo de Papanicolau, com 43,5% (28 sujeitos)12.

Diante desses resultados, conclui-se que a maior parte das entrevistadas em ambos os estudos sabem que a melhor forma de prevenção é o uso de preservativos, porém, mais de 65% (147 sujeitos) das entrevistadas não usam preservativo durante as relações sexuais e sabem das consequências. 

Em um estudo de Santos13 que avaliava o desconhecimento sobre a campanha de vacinação contra o HPV entre estudantes brasileiros: uma análise multinível, utilizou dados secundários da amostra do inquérito transversal da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar, 2015, onde declara que 2.131 das mulheres entrevistadas desconhecem sobre a campanha de vacinação contra o HPV. 

Já nesta pesquisa, quando as entrevistadas foram indagadas se existe vacina para o vírus do HPV, 8% (18 sujeitos) disseram que não existe e mais de 30% (68 sujeitos) relataram não saber a resposta. Nota-se que mesmo a vacina estando no calendário vacinal do adolescente, muitas mulheres desconhecem sua utilidade e até mesmo a sua existência.

CONCLUSÃO

A análise de conteúdo das entrevistas enfatizou que houve um aumento do conhecimento de mulheres referente ao HPV em comparação aos anos anteriores, isso se dá por uma melhoria notória na divulgação das Infecções Sexualmente Transmissíveis e consequentemente do HPV e câncer do colo do útero por meio dos órgãos público de saúde. 

Quanto ao fenômeno da contaminação, a maioria das participantes do estudo argumentam ser através da relação sexual, porém, percebe-se que mais da metade das entrevistadas, nesse campo, relataram não usar preservativo, sendo a principal justificativa a confiança aplicada no parceiro sexual. Contudo, nessas situações em que ocorre a descoberta do diagnóstico de infecção pelo HPV, vem, juntamente, os desafios do tratamento e o sentimento de medo, arrependimento e a decepção em relação ao companheiro. 

O estudo nos permite considerar que o acesso ao ginecologista, ao menos anualmente, e a realização do exame preventivo está sendo eficaz pelo seu alto índice, grande parte delas de fato conhece a importância da consulta ginecológica. Entretanto, um dado preocupante é o de que 34% (76 sujeitos) das entrevistadas nunca passaram por consulta ginecológica. 

A vacinação contra HPV, no Brasil, visa prevenir o câncer do colo do útero e doenças relacionadas ao HPV, no qual contribui na redução da incidência e da mortalidade, porém, os números estão abaixo do esperado, pois mesmo com a disponibilidade da vacina no SUS, o índice de vacinação contra o HPV de meninas brasileiras atinge apenas 57%. Nota-se que é imprescindível educação em saúde para as famílias e informativos sobre a importância da vacina do HPV.

Este estudo oferece informações que podem colaborar para a comunidade científica promovendo informações para que novas ações em saúde sejam criadas, por meio de programas educativos, prevenção e diagnóstico precoce, contribuindo para diminuição das mortes causadas pela contaminação do HPV e, consequentemente, por câncer do colo uterino.

REFERÊNCIAS

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