Melanoma:o tratamento do tumor revolucionou a Oncologia

2022-06-09

Novas drogas aprovadas no Brasil, pela Anvisa, já passaram por todos os testes e estudos necessários e confirmaram eficácia

O câncer de pele é a neoplasia mais frequente no Brasil e corresponde a 30% de todos os tumores malignos. Como a pele – maior órgão do corpo humano – é heterogênea, o câncer de pele pode apresentar tumores de diferentes linhagens. Os mais frequentes são o carcinoma basocelular e o carcinoma epidermoide. O melanoma representa 3% de todos os tumores de pele, mas é o mais agressivo por ter alta possibilidade de dar metástases (se espalhar pelo corpo). Dados do Instituto Nacional do Câncer estimam mais de 8.000 casos novos ao ano, com quase 2.000 mortes por ano no país. “No passado, o melanoma metastático já foi considerado um dos tumores mais difíceis de tratar por conta de sua baixa resposta à quimioterapia e à radioterapia. As chances de se curar e de ter uma vida com boa qualidade, usando a quimioterapia, eram muito baixas. E até pouco tempo, não havia outros tratamentos eficazes”, explica o oncologista Vinicius Conceição, sócio do Grupo SonHe – Oncologia e Hematologia,

De acordo com o médico, a história começou a mudar em 2010, no maior congresso de Oncologia do mundo, realizado em Chicago – EUA. “Foi apresentando os resultados do primeiro estudo com uma medicação chamada Ipilimumab, uma imunoterapia, com mecanismo de ação conhecido como inibidor de checkpoint imunológico, nesse caso um Anti-CTLA4. A medicação conseguia ativar o nosso sistema imunológico permitindo ao próprio organismo ‘enxergar’ melhor as células tumorais e, assim, ativar os linfócitos (nossas células ‘soldados’) para atacar o câncer. Foi a primeira vez na história que uma medicação mostrou em estudos a capacidade de aumentar o tempo de vida das pessoas com diagnóstico de melanoma metastático”, conta Dr. Vinicius.

Ele afirma que isso foi uma revolução no tratamento do melanoma, mas também no tratamento de praticamente todos os outros tumores. “A imunoterapia, hoje, é usada em vários momentos e para vários tipos de câncer e trouxe uma expectativa que até então era quase inimaginável: curar pacientes com tumores que já se espalharam pelo corpo. Claro que nem todos pacientes se beneficiam deste tratamento. Mas a possibilidade de estacionar a doença e de curar doenças avançadas foi possível apenas com a imunoterapia”, pontua o especialista.

Hoje, existem vários outros medicamentos com mecanismos de ação parecidos, além do ANTI-CTLA4, têm os ANTI- PD1, ANTI-PDL1, e outros vem surgindo, além da possibilidade de combinação com esses agentes. Segundo o oncologista é uma mudança de paradigma na Oncologia e trouxe esperanças para as pessoas acometidas por tumores avançados como melanoma, pulmão, rim, bexiga, cabeça e pescoço, estômago e vários outros. “Mas as revoluções não pararam na Imunoterapia. Outro grupo de medicamentos chamados de inibidores de tirosina kinase, medicamentos orais que são direcionados contra alguns grupos de genes, também transformaram o tratamento do melanoma. Esses medicamentos já foram aprovados no Brasil, pela Anvisa, e já passaram por todos os testes e estudos necessários e confirmaram serem eficazes”, afirma Dr. Vinicius.

Em um país tão desigual e com acesso a saúde também tão desigual, aquelas pessoas que dependem do Sistema Único de Saúde (SUS), não têm acesso a essas drogas. “São medicamentos extremamente caros e que não foram incorporados no SUS. Portanto, essas medicações só estão ao alcance de pacientes que tenham planos de saúde (a maioria dessas medicações são de cobertura obrigatória pelos planos ou para quem possa pagar por eles, mas lembrando que estamos falando de tratamentos que podem chegar a mais de R$ 40 mil por mês). O melanoma certamente é o câncer com maiores ganhos com a imunoterapia e terapia-alvo. Mas, ao mesmo tempo, também é o câncer com maior desigualdade de tratamento entre o serviço de saúde público e privado”, finaliza o oncologista.

  

* Vinícius Corrêa da Conceição é médico oncologista graduado pela Unicamp, com residência médica em Clínica Médica e Oncologia pela Unicamp. Tem título de especialista em Cancerologia e Oncologia Clínica pela Sociedade Brasileira de Oncologia. Foi visitingfellow no Serviço de Oncologia do Instituto Português de Oncologia (IPO), no Porto. Membro titular da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO), da Sociedade Europeia de Oncologia (ESMO), da InternationalAssociation for theStudyofLungCancer (IASLC), do Grupo Brasileiro de Melanoma (GBM), da Sociedade Brasileira de Oncologia (SBOC) e da Sociedade de Medicina e Cirurgia de Campinas (SMCC), Vinícius é sócio do Grupo SOnHe e atua na Oncologia do Instituto do Radium, do Hospital Madre Theodora, do Hospital Santa Tereza e atua e é responsável técnico da Oncologia da  Santa Casa de Valinhos.

Sobre o Grupo SOnHe

O Grupo SOnHe - Oncologia e Hematologia é formado por oncologistas e hematologistas que fazem atendimento oncológico alinhado às recentes descobertas da ciência, com tratamento integral, humanizado e multidisciplinar no Hospital Santa Tereza, Radium Instituto de Oncologia e Madre Theodora, três importantes centros de tratamento de câncer em Campinas, e na Santa Casa de Valinhos.  O Grupo oferece excelência no cuidado oncológico e na produção de conhecimento de forma ética, científica e humanitária, por meio de uma equipe inovadora e sempre comprometida com o ser humano. O SOnHe é formado por 11 especialistas sendo cinco deles com doutorado e três com mestrado. Fazem parte do Grupo os oncologistas André Deeke Sasse, David Pinheiro Cunha, Vinícius Correa da Conceição, Vivian Castro Antunes de Vasconcelos, Rafael Luís, Susana Ramalho, Leonardo Roberto da Silva, Higor Mantovani e Isabela de Lima Pinheiro e pelas hematologistas Lorena Bedotti e Jamille Cunha.

Saiba mais: no portal www.sonhe.med.br  e nas redes sociais @gruposonhe.

Por: Newslink / Foto Ilustrativa: Freepik